Intimidade

É incrível a intimidade que partilhamos com algumas pessoas e a dificuldade que se tem em ser íntimo de outras que eventualmente deveriam fazer parte daquele círculo de confiança!

Às vezes dou comigo a olhar para o meu marido e a tentar perceber como é que ele se tornou naquela pessoa com quem partilho mais, com quem partilho o dia, a noite e os momentos chave, aqueles que não são de mais ninguém! Há emoções que só vivi e senti com ele e isso é algo que me parece de facto íntimo. Há facetas e características minhas que só ele conhece, para o melhor e para o pior ...

Lembro-me daquele início, em que há quatro anos atrás estávamos na fase dos primeiros cafezinhos e passeios, em que ainda não namorávamos, e as borboletas na barriga eram mais do que muitas. Ainda não nos conhecíamos nem metade de bem e acredito que ainda não conhecemos, porque com a vida vamos mudando e até para nós há reacções que são uma surpresa... ainda não tínhamos passado pelos momentos tão bons e momentos menos bons que passamos, que fizeram com que as histórias que contam a vida de ambos se cruzassem! 

Ao longo do tempo que estamos juntos fomos aprendendo a partilhar mais, a viver mais e parece-me que a intimidade que temos está muito relacionada com o querer viver ainda mais, mas juntos! 

(Ainda sinto muitas vezes algumas daquelas borboletas, ainda sinto saudades dele, ainda quero muito que ele esteja comigo e penso nele ao longo do dia... e mesmo quando nos chateamos ainda quero muito que ele queira fazer as pazes e poder enroscar-me nos seus braços, e que amanhã seja melhor!!)    

As pessoas

As pessoas conseguem ser impecáveis nuns momentos e super inconvenientes noutros! Há sempre um comentário guardado debaixo da língua para saltar cá para fora!!

Às vezes parece-me que se trata apenas de falta de assunto e então lá vêm o comentário: "Para quando é o casamento?", "Quando é que arranjam um bebé?" (como se fosse algo que se "arranjasse" na loja da terra), " Porque não fazes assim?", sei lá... É super fácil dar palpites e opiniões mesmo a quem nem sequer os pediu!! E mesmo quando até se faz o que nos parece que os outros queriam ou gostariam, lá vem outra onda de palpites e opiniões, muitas vezes inconvenientes, de quem simplesmente não sabe nada sobre nós!

Às vezes fico a pensar quando é que finalmente se acerta no alvo!

A minha bomba!

Sabem o que é?!

Não, não nenhum telemóvel esquisito, nem nenhum i-pod ou algo do género!

É uma bomba infusora de insulina que eu uso 24h por dia, todos os dias e que me permite gerir a minha diabetes tipo 1 muito melhor e sem grandes stresses! Pois é, eu sou o que se pode designar por bombista :)

Fui diagnosticada com DM1 com 21 anos de idade! Foi uma situação inesperada para mim e para a minha família, uma vez que não havia casos de diabetes de nenhum tipo na família, eu era uma jovem saudável, que praticava exercício físico regular e uma alimentação super cuidada. Na altura a ideia que tínhamos sobre a doença estava associada a pessoas mais velhas, com hábitos alimentares errados e vida sedentária. 

Não entendia nada de insulina nem sabia muito bem o que era. Nas primeiras consultas tive um endócrinologista terrível que me desenhou um cenário super restritivo e punitivo! As primeiras fases da doença foram muito más. Agora que olho para trás vejo que fui muito imatura e compreendo que todos os comportamentos menos assertivos que tive foram de revolta. 

A minha diabetes tem passado por várias fases, com uso de diferentes insulinas e ajustes da rotina!

Desde há 2 anos que utilizo esta bomba de insulina e devo dizer que a minha qualidade de vida é óptima e muito próxima do considerado normal. Sinto-me saudável e com flexibilidade para fazer o que quero sem prejudicar a minha saúde! 

A diabetes faz parte do meu mundo e não me limita! Ao fim de quase 7 anos já não sei o que é não ter diabetes, o que é não contar a comida, o que é não fazer contas, o que é não respeitar as horas das refeições, ... Não encaro a diabetes como algo mau, mas sim como uma característica minha! Nem sempre foi assim, nem sempre soube lidar bem com isto, mas felizmente agora sou diabética e sou feliz! 

  

De que falam os miúdos?!

Às vezes pergunto-me sobre de que falarão os miúdos de hoje em dia!! Olho para os jovens de 16-17 anos e parecem-me tão diferentes da minha geração, ou talvez, diferentes de mim! Não que me sinta velha, mas não me identifico muito com a atitude de uma forma geral...Demasiado "morangos com açúcar" na minha opinião!

Devo dizer que fiquei algo desiludida uma tarde destas em que me senti numa esplanada a ler uma revista e ia ouvindo as conversas circundantes. Os dois grupos de miúdos que por lá passaram gastaram, separadamente, mais de 30 minutos a discutir marcas e sabores de tabaco! A sério?! Deviam ter em média 16 anos!!

O restante tempo foi gasto a contar a saída de ontem à noite numa discoteca, que deve ser famosa por aqui e que tenho que anotar o nome para não ir lá parar por engano!! 

Ai, a paciência devia ser algo que se deveria vender nas farmácias...

A Net e eu!!!

Hoje em dia toda a gente utiliza a net e é quase impensável imaginarmos a nossa vida sem ela, sem os computadores e o telemóveis xpto (tecnologia em que ainda não sou perita mas, não fosse o dito cujo aparelho ter avariado logo na primeira semana já estaria quase especiaista)!

Comecei a minha excursão pelo mundo da internet já algo tarde, já quase no fim da faculdade e inicialmente não me interessou particularmente. Só tinha usado para pesquisar algumas coisas e não tinha ficado tão satisfeita com o resultado como com os livros na biblioteca. Era mesmo totó, pois olhava para as páginas que ia encontrando e duvidava sempre se aquilo seria fidedigno e desistia sempre ao fim de algum tempo. 

Ora assim sendo, só criei um mail quando comecei a trabalhar (como é possível, não é? Passar a universidade sem ter pelo menos um mail? Agora já nem a mim me parece algo normal!) e não entendia nada da dinâmica criada em volta da coisa!

Mails trocados com as colegas de trabalho... Tudo normal! Ao fim de alguns dias abro o mail e tinha vários mails com títulos sugestivos... Até me senti importante, ena tantos mails!! Comecei a abrir e o primeiro continha umas imagens, já não me recordo especificamente sobre quê, mas algo relacionado com o melhor da vida! Oh, pareceu-me tão bonito que a colega me tivesse enviado aquilo. Respondi-lhe!!!

Segundo mail, qualquer coisa dentro do mesmo, sobre a honestidade dos amigos, e eu, inocente, respondi!!

Só ao fim de alguns mails é que entendi que aquilo não passavam de mails estandardizados, daqueles que se mandam para várias pessoas ao mesmo tempo (coisa que eu nem sabia que se podia fazer) e que não tinham nada de pessoal!! Que vergonha, já tinha respondido a uns quantos!!!

  

Guardamos o melhor de nós para quem?

Os dias têm sido ocupados... Ainda que o meu trabalho vá andando com alguma instabilidade de horário e ainda não esteja a trabalhar a 100%, os dias têm sido preenchidos! 

Esta semana o meu marido jantou todos os dias em casa, o que é de facto algo a assinalar por não ser de todo comum! Contudo, não me parece que tenhamos aproveitado bem esta oportunidade. Não porque nos tenhamos chateado ou tenha acontecido algo! Até temos andado bem dispostos... O que acontece é que passamos o dia disponíveis para as pessoas no trabalho, gastamos a energia, os sorrisos e até mesmo a paciência, porque é mesmo assim, porque é trabalho e sabemos que temos de fazê-lo bem!

À noite é fácil desligar o filtro e não fazer este esforço, é fácil ficarmos no nosso canto, sossegados... À noite parece aquele momento do dia em que menos comunicamos e que estamos menos disponíveis, quando devia ser ao contrário. Talvez porque o casamento não representa números ao fim do mês, no casamento não temos metas ou objectivos para cumprir (pelo menos não explícitos e escritos em algum lugar). 

Quando casamos dizemos aquele palavreado todo bonito, mas se pensarem bem é algo geral e dá para tudo! Não devíamos antes assinar um contrato que incluísse o número de abraços e mimos por mês? Um contrato que incluísse um número de horas de bons momentos e pusesse um limite no tempo possível de rabugice? Assim algo mais concreto... 

Vivemos numa sociedade de números, será que o casamento também deveria ser uma questão de números?! Parece-me que o carácter aleatório com que as coisas vão acontecendo no casamento é que torna as pessoas infelizes, é a falta de doseamento e adequação de expectativas que faz algumas pessoas sentirem-se mais infelizes do que realmente são.

Devíamos sempre guardar uma boa parte do nosso melhor por dia para o outro!!

Que cheirinho!

Adoro o cheiro de livros novos!

Adoro o cheiro de cadernos novos!

Que saudades dos tempos de escola, da azáfama do início do ano escolar!

Que saudades das canetas de todas as cores, dos lápis e borrachas novas... Tudo tão arrumadinho no estojo novo, na mochila nova!

Sempre adorei a escola e, portanto, nunca percebia bem o porquê de tantas férias!

Sempre fui uma aluna certinha, daquelas crominhas que ficam sentadas nas primeiras filas e que fazem sempre os trabalhos de casa, sabe as datas dos testes e já tinha tudo estudado antes do tempo! Em minha defesa devo dizer que não via muito bem e que a mania das filas da frente começou por causa disso. A certa altura, não me lembro bem quando, concluí que era demasiado foleiro ficar sentada na primeira fila e passei a sentar-me invariavelmente na segunda fila!!! 

Para contrastar nunca tinha os cadernos lá muito organizados e mudava a meio com a desculpa que aqueles já não tinham salvação. Convencia os meus pais que precisava de cadernos novos para fazer exercícios e os coitados lá iam na minha conversa. Adorava! A meio do ano renovava o material e lá andava toda entusiasmada com aquilo mais uns tempos :)

Que saudades de ter "tanta coisa para fazer", tanto para estudar que parecia que nada mais existia no mundo. Afinal o que poderia haver que fosse mais importante que um teste de matemática ou de ciências?!

Que saudades de estar a decidir o que queria ser na vida e de ter tantas opções... Que saudades de acreditar que de facto podia mudar o mundo!

Isto tudo porque fui às compras e é impossível não parar junto aos materiais escolares no supermercado... E hoje foi impossível vir-me embora sem trazer um caderno novo e um bloco ;)